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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Chamado a servir

     No calendário da Igreja o mês de agosto é celebrado como o mês das vocações. Oportunidade em que cada qual pensa em maior profundidade o cultivo de sua própria vocação. Vocação como um chamado a plenificar seus dons e seus projetos no caminho do aperfeiçoamento pessoal para melhor servir a comunidade.

     Nesta primeira semana celebramos a vocação ao sacerdócio assumido por homens decididos a renunciarem muitos dos valores que o mundo aprecia. Buscam dedicar seus dons a serviço do Reino de Deus.

     Sabem que a vocação não é um valor a ser manipulado em proveito próprio. Sabem que é uma proposta de Deus em favor do bem da comunidade. E quem cultivar e trabalhar apenas pensando em si, pensando em sua santificação, ou salvação, certamente estará se isolando e mesmo se fechando às graças de Deus. Estará fugindo do verdadeiro sentido da vocação.

     No Evangelho de Mateus há um fato marcante na vida e na missão do apóstolo Pedro: “Bem de madrugada, Jesus foi até os discípulos andando sobre o mar. Quando os discípulos o avistaram ficaram apavorados e disseram: “é um fantasma!”. E gritaram de medo. Jesus, porém, disse: “Coragem, sou eu. Não tenham medo”. Pedro, então, lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir a teu encontro caminhando sobre as águas”. Jesus respondeu: “Venha!” Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água. Mas ficou com medo quando sentiu o vento. E, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me”. Jesus o tomou pela mão e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que você duvidou?” (Mt. 14,25-31)

     Pedro representa aquele sacerdote que pensa apenas em si. Exige que tudo gire em torno de seus planos e seu ponto de vista. Pedro podia, ou devia, pensar nos demais que estavam com ele na barca. E poderia sugerir que a todos fosse possibilitado ir ao encontro do Mestre caminhando sobre as águas. Mas pensou só em si. E afundou.

     Querer andar sozinho não é o melhor. Querer realizar um projeto de vida apoiando-se apenas em seu modo de pensar, em sua capacidade, é muito arriscado. Pode não dar certo. Pode provocar crises, divisões, decepções e muitas frustrações em sua comunidade. Caminhar com a comunidade, partilhar tudo com os demais, poderá ser mais demorado e mais difícil, mas será bem mais seguro.

     Conviver com pessoas diferentes, pessoas que tem outra maneira de pensar, pessoas que divergem no modo de agir e de fazer, poderá se constituir em exercício muito nobre e muito rico em experiências e em crescimento na convivência solidária. Aliás, o verdadeiro sacerdócio consiste nisso: estar disposto a servir e não buscar ser servido.

     No episódio de Pedro percebe-se o quanto ele foi egoísta e interesseiro. Talvez tenha pensado apenas em sair-se bem para depois vangloriar-se de mais uma aventura.
Esqueceu de sua missão como coordenador e animador da pequena comunidade dos apóstolos. Por isso, diante da primeira dificuldade (vento que soprou), gritou desesperado por socorro. Duvidou do Mestre que estava à sua frente. O perigo pode estar rondando os passos de muitos ainda hoje se não tiverem fé naquilo que se propuseram.

     Frei Venildo Trevizan OFMCap

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