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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

COERÊNCIA

      Coerente é alguém que demonstra concordância entre o que pensa e o que vive, entre o que propõe e o que cumpre, entre o que diz e o que faz. Coerente é alguém de tal forma transparente que todos admiram e respeitam.
      Não é fácil perseverar na coerência. A sociedade anda muito corrompida. Parece até que os mais bem sucedidos são os espertos. São aqueles e aquelas que fazem grandes propostas, maravilhosas promessas, mas não cumprem. São pessoas falsas e mentirosas. Disso todos sabem. Mas é difícil que alguém assuma a causa e imponha honestidade e coerência.
      Quantos e quantas emitem um juramento de cumprir rigorosamente o que a Constituição brasileira propõe e, em seguida, passam a desviar verbas, a elaborar projetos de interesse pessoal, ou partidário, a realizar obras que beneficiem as elites e correligionários. E esquecem os pobres e os oprimidos que os elegeram.
      Quantos e quantas proclamam um juramento solene de cuidar da vida preservando-a desde a concepção até sua morte natural, cuidar da saúde e bem estar dos pacientes. E depois cometem o crime do aborto, não atendem devidamente, deixam longas filas à espera. Outros facilitam a eutanásia, ou deixam morrer à míngua.
      Quantos e quantas, num dia de muita alegria, de muita festa e de muita emoção diante do altar, juram amor e fidelidade por toda a vida. Passado algum tempo esquecem, ou desprezam, esse juramento e passam a cobrar um do outro respeito, compreensão, companheirismo e diálogo. Surgem os atritos, discussões e brigas. Acontecem infidelidades e traições.
      Passam a não se entender, não se respeitar e não se suportar. Vem a separação. Para alguém poderá ser até um suposto alívio. Mas para outros será a destruição de um sonho, o desmoronamento de um amor e a crucificação de uma vida.
      Quantos e quantas, motivados pela fé em Deus e pelo desejo profundo de se entregar à vida de oração, de contemplação e de consagração a Deus, de trabalhar junto aos pobres e marginalizado, também fazem um juramento solene de viver na pobreza, na obediência e na castidade por toda a vida.
      Mas, com o passar do tempo, o entusiasmo esfria, a fé enfraquece, o desejo se esvazia e o trabalho cansa. Também abandonam aquilo que haviam assumido com tanto entusiasmo, com tantos sonhos e tantos projetos.
      Quantos e quantas dizem crerem em Deus, freqüentam igrejas, ou templos, e até alimentam devoções particulares. Mas maltratam empregados, não pagam salários justos, superfaturam mercadorias, realizam negócios enganosos, traem pessoas de confiança e enganam inocentes.
      Quanta incoerência! Penso em tantos e tantas que pedem a Deus saúde, riquezas e emprego. E, tendo tudo isso, se vangloriam como sendo unicamente conquista sua. Esquecem que tudo é presente de Deus e precisa ser partilhado com os mais pobres.
      É preciso ser coerente entre aquilo que se pede e aquilo que se promete a Deus.
      Frei Venildo Trevizan OFMCap

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